terça-feira, outubro 24, 2006

O şhekerlı bairam

Pessoalmente, adoro aquelas Sextas à noite em que nos juntamos no Tolas & Cia, com à nossa frente pires ora, de orelhas, ora de tripas de porco, ora de moelas bem picantes, ora... um de cada (!!!), acompanhadas como não podia deixar de ser do belo do fininho, e que deixamos a conversa fluir em torno de conversas mais actuais e intelectuais... Na última semana, o Islão, o islamismo e a religião muçulama vieram à baila...

E, repetindo o que disse aos meninos nesse dia, creio que no contexto sociopolítico international é normal que as críticas à religião muçulmana e à cultura inerente chovam de todos os lados mas, eu que já vivi num país cuja religião principal é a muçulmana, tenho pena que muitas das críticas atiradas ao ar não sejam fundamentadas duvidamente ou que sejam feitas por pessoas que não conhecem rigorodamente nada ao que pretendem criticar. Aliás vou mais longe... por muito que eu seja também autora de críticas ou que concorde com muito delas... fico profundamente chocada e triste quando vejo que algumas dessas críticas têm como único objectivo ou resultado real o de provocar ódio, racismo e intolerância. Por isso, decidi que ia aproveitar este blog para ir partilhando com voces algumas particularidades da vida muçulmana na Turquia mais engraçadas... e que nunca aprecerão nos telejornais!

Na Terça-feira para os muçulmanos foi dia de festa! É o şhekerlı bairam (ler "chekerle bayram"). É uma festa fantástica que eu e todos os gulosos iriam adoptar sem problemas nenhum!!! Depois do ramadão (período de 1 mês +/- em que os muçulmanos fazem jejum e nem sequer bebem água ou escovam os dentes durante o dia ... ou seja, comem e vivem exclusivamente à noite. Há inclusive lojas que passam a funcionar só enquanto faz noite) é a festa do doce. şheker significa açúcar em turco. Nesse dia, todos vestem as mais belas roupas que têm. Normalmente até vão comprar novas! Reunem-se em família. Trocam presentes... muitos presentes! E melhor ainda: dá-se chocolate a torto e a direito a toda a gente e em todo o lado: no trabalho, nas lojas, na rua... Mas não são simples e meras barras de chocolates... São caixas enormes de chocolates, de todas as cores e sabõres. Chocolates que nunca vi na Europa! Todas as lojas feixam ou quase todas e não se vê praticamente ninguém nas ruas. A festa prolonga-se pela noite dentro com as barrigas cheias de chocolate e danças tradicionais. As famílias mais ricas alugam pavilhões onde ostentam os mais belos tapetes e decorações. E o cheiro a chocolate mistura-se ao das especiarias. É uma festa incrível que vale a pena ser vista e vivida!

2 comentários:

karmat disse...

Concordo com o que dizes, mas tb não é fácil não generalizar. é verdade que por causa de uns, paam os outros, mas de maus exemplos de uma fraca maneira de estar no mundo (sim, pq o mundo não é um país) estão eles cheios. O justo paga pelo pecador. O que disse-te sobre a festa depois do ramadão, deve ser altamente, em termos culturais, mas tb não sei se será boa ideia ir por exemplo à turquia nessa altura, pois vemos uma pessoa mais gordita e não sabemos se tá cheia de chocolates ou se tem um cinto de de bombas (ou as duas coisas e é um espectáculo de açucar caramelizado à l'bomba).Sei que não deverá ser assim. Tb tou a brincar um bocadito...

Shakta disse...

Esse humor negro caro karmat, anda no auge!!eheh
É complicado a situaçao em que este mundo anda, mas não é que se generalize por mal, mas há grupos sociais e a tendencia para o fazer é normal, mas acho que também somos suficentemente sensatos para falarmos com pessoas diferentes seja em raça ou religião, mas
porreiro porreiro é que sejam pessoas de mente aberta, o que realmente me irrita é a pressão religiosa e a propaganda de força que leva as pessoas a serem cordeirinhos fanáticos e manipulam as mentes; que descarregam nas pessoas, assim como a forma que as limitam, mas enfim ninguém tem que intervir em culturas de forma a tentar mudá-la ou por meros interesses capitalistas, nós estamos no meio, e vemos p´rós dois lados e não defendemos ninguem, mas incomoda sempre, porque de qualquer forma a nossa liberdade fica um pouco em causa.
"God slave amaricas"